Música

Dia desses, vi o post do Um Passinho a Frente: "No meu tempo não tinha tanta sacanagem". Lá tem uma cópia de uma marchinha de carnaval redigida com um português arcaico. Bem, não há necessariamente uma relação direta entre qualidade musical e antiguidade. Música ruim sempre existiu. Isso me fez lembrar de um trecho de uma crônica de Mário de Andrade tentando explicar o sucesso de certas músicas "idiotas", conforme sua própria adjetivação.

“Na verdade é um problema exclusivamente fisiológico. Não é a beleza da poesia ou da béstia, nem o bem nem a verdade possíveis neles, que arrastam mas sim certos elementos fisiológicos de que eles se utilizam: o ritmo a sonoridade. Estes são elementos dos mais universais, especificamente coletivantes, por assim dizer. A expressão dos sentimentos, dos lirismos gerais, dos ideais e idéias, valem um mínimo ou não valem nada nesses gêneros de pseudo-arte, que têm função coletiva. O que vale é o ritmo, o que vale é o som. E estão aí como prova os hinos nacionais, os cânticos, cançonetas, danças em voga, que no geral são profundamente idiotas. Se têm arte, se têm beleza num caso desses é mera coincidência; e Concenius chegou a dizer que os cânticos luteranos tinham atraído mais gente pra reforma que os escritos e sermões de Lutero. Pelo menos por hoje, estou convencido que Duque Estrada escreveu uma letra adequadíssima ao Hino Nacional e que nada se deve modificar nela.”( Extraído da crônica Poesia Proletária, p.242, ano de 1930)

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Paulão Fardadão Cheio de Bala disse...

Muito bom encontrar coordenadas as idéias q em mim eram até então apenas intuição!

E como prova maior de sua veracidade e permanência, q se verifique o q é o sertanejo universitário, o forró enlatado q se vende hoje em dia, o axé, as músicas do J.Quest, do Detonautas, das bandinhas de adolescentes coloridos e tantos outros estilos de pseudo rock...