Relações

Raiva, ciúme, impulsividade. Depressão, tristeza. Alegria, euforia, risos e gargalhadas. Levo assim a vida, com sentimentos extremados. Meu modo de viver que as vezes me atrapalha, às vezes me impulsiona. Dificuldade de me concentrar no trabalho quando a minha vida tá conturbada. Isso porque o meu trabalho, ao menos a parte mais díficil, se relaciona a entender as pessoas. Para isso eu tenho que estar com os meus terminais sensitivos afiados. Há no meu trabalho uma parte prática e tecnológica? Sim. Mas essa está nos livros, revistas, na internet. Díficil é saber o que querem as pessoas.

Porque é difícil? Quando você imagina um personagem e tenta desenhá-lo, fatalmente ele não sairá igual a imagem original gerada na sua mente. Ao menos é assim comigo e já a confissão de outros artistas. Nós nos expressamos por meio de códigos, que por ricos que sejam não traduzem fielmente nossas idéias. Eu não a primeira pessoa afirmar sobre a nossa incapacidade de nos expressarmos precisamente. Na contramão, estamos nós sentados ao ouvir uma música e dizer "nossa, perfeito, não há melhor expressão de felicidade do que primavera de Vivaldi". A música é uma expressão extremamente sensível, porém com códigos menos inteligiveís que as palavras.

Em algum livro sobre comunicação li que a coisa mais imbecil é achar que somos capazes de prever o que o outro vai falar, simplesmente porque nem quem fala sabe o que falar até o momento da fala se concretizar. Isso porque o pensamento se constrói a cada momento e é extremamente rápido. Mas ainda assim, teimosamente tentamos entender os outros sem questioná-los, tentamos resolver nossos problemas de relacionamento sozinhos. Vejo isso a todo tempo e eu mesma pratico isso. Tão raras as vezes eu me encorajo a ter uma conversa franca. E quando enfim venço meus temores, percebo que estava feito tola, lutando contra moinhos de vento inabaláveis.

Falando em relações, vale a pena ver isso aqui:
http://www.chongas.com.br/category/tirinha-exclusiva-certo-errado-e-sem-nocao/