Ler, viver e escrever

Eu não saberia apresentar caminhos para alguém escrever tal como Machado de Assis, Saramago ou Borges. Tão pouco acho que precisemos de um Drummond a cada esquina. Precisamos aprender como nos comunicar. Escrever de forma clara, concisa e eficaz. E o que posso oferecer é a minha vivência sobre a leitura e a escrita.

Me deleito ao ler certos autores. Sou apaixonada por vários escritores, a ponto de ter causado ciúmes nos meus namorados. Mas nem por isso concordo que devemos nos dedicar a leitura simplesmente pra engrossar estatísticas. Muitos brasileiros, portadores da famosa síndrome de vira-lata se ressentem porque nossa média livros/ano está muito aquém das médias estrangeiras. Os nostálgicos reclamam que as pessoas não lêem mais livros e por isso estão emburrecendo.

Para que serve a leitura afinal? Para nos por em contato com o conhecimento e a experiência de outras pessoas. O que é muito válido! Mas experimentar o mundo através da leitura não é o mesmo que experimentar o mundo por si.

Eu particularmente, não troco mais a vida por livros. Já fiz isso muito, porém tenho que confessar que sentir o sol aquecer minha pele, mergulhar no mar, contemplar os golfinhos me trazem uma alegria mais transformadora do que a leitura. Pintar também. Quando pinto tenho sensações místicas, encontro o meu âmago, me sinto livre e potente. Termino leve.

Quando me entrego a vida, construo experiências que valem a pena ser relatadas, crio ideias que valem a pena serem narradas. Posso oferecer aos amigos uma visão particular do mundo e posso fazer isso através da escrita. É aí que sento, liberto as palavras, escrevo, edito, imagino meu leitor passeando pelas minhas linhas. E quando entendem minha mensagem, o prazer é grande.